A Pauliceia – Parte 2
Confirmando
sua condição de ponto convergente de toda sociedade de Espírito Santo do
Pinhal, A Pauliceia assiste a um bizarro encontro
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Por: J. Oswaldo Cardoso
Desde sua fundação, em
1893, o nosso querido Bar e Restaurante Pauliceia tomou para si as atenções da
socieadede pinhalense. Logo nos primeiros anos de vida, funcionava numa das
portas frontais da casa uma agência do Banco Francês e Italiano para a América
do Sul. Mas a matriz do banco não queria que seu proprietário e fundador, Pedro
Monici, tivesse um estabelecimento comercial. Foi assim que o conhecido Zeca
Avelino (José Avelino da Silva) se tornou proprietário do A Paulicéia.
A fama de principal
ponto de encontro da cidade, de reduto das pessoas bem informadas e de
negociantes de toda natureza se deve em boa medida ao espírito que Zeca Avelino
imprimiu ao bar. Nas décadas seguintes, para lá seriam atraídas personagens que
entraram para a História da pacata Espírito Santo do Pinhal.
Beber café, cachaça,
dar uma pitada no fumo de corda ou no cigarro, prosear sobre todos os assuntos
e em especial sobra a vida alheia, observar as mulheres bonitas (e as feias
também, posto que se tratava de reduto masculino) era o cotidiano daquele
templo da sociedade pinhalense. Não raro as situações inusitadas tomavam de
assalto o estabelecimento então dirigido por Avelino.
Por duas vezes o governador
do Estado de São Paulo, Adhemar de Barros, e seus acessores estiveram na
outrora gloriosa Pinhal, conhecida por seu especial café e pelos barões que
fixaram residência no centro da cidade.
A primeira em 1939 e a
outra em 1949. A
data da foto que ilustra este texto é incerta. Talvez 1949.
Em qualquer um dos dois
anos em que o fato tenha acontecido, a autoridade político-administrativa mais
alta do estado paulista não poderia passar pelo município sem que ao menos
desse uma paradinha para um cafezinho naquele que era também um espaço onde se
fazia muita política.
E lá foi Adhemar, com
aquelas calças acima da cintura, barriga proeminente e um ar grave e austero,
que impunha autoridade sem falar uma única palavra, alternado com a expressão
de “não sei o que estou fazendo aqui”. Depois de beber o genuíno café de
Espírito Santo do Pinhal, feito minutos antes especialmente para deleite do
governador, saiu da Paulicéia e foi ter com o povo.
Já no meio da rua que
separa o bar da Praça da Independência, Adhemar de Barros se depara com uma
pequena multidão de pessoas do povo. Naquele aglomerado humano, se destaca a
figura de Walter Mozzaquatro, com uma corda na mão. No final daquela corda, uma
pacata vaca leiteira, já sentada com o traseiro no paralelepípedo do calçamento.
Ante o inusitado da
cena e certamente não querendo hostilizar um potencial eleitor, Adhemar
preferiu encarar o fato como uma normalidade. Sua reação foi tão amistosa, tão
simpática para todos que presenciavam sua passagem por Pinhal, que o governador
concordou até mesmo que fosse tirada uma foto, única forma de deixar registrado
para sempre esse momento de interação política entre a fauna pública e a
particular.
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