Autor do livro Desacordo Ortográfico escreve um texto exclusivo para O Leitor Pinhalense
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Por: Reginaldo Pujol Filho
Capa do livro organizado por Pujol Filho: reunião de
textos de escritores em "desacordo"
textos de escritores em "desacordo"
Desacordo ortográfico pode ser definido de variadas formas. Pode-se, sinteticamente, dizer que este livro é um elogio à diferença. Ou uma provocação ao Acordo Ortográfico. Ou a certeza de que a boa literatura não entra em acordo com as regras. Ou ainda que o Desacordo ortográfico é Altair Martins, Cardoso, Gonçalo M. Tavares, João Pedro Mésseder, Luandino Vieira, Luis Fernando Verissimo, Luís Filipe Cristóvão, Manoel de Barros, Marcelino Freire , Maria Valéria Rezende, Nelson Saúte, Olinda Beja, Ondjaki, Patrícia Portela, Patrícia Reis, Pepetela, Reginaldo Pujol Filho, Rita Taborda Duarte, Rogério Manjate e Xico Sá.
Desacordo orográfico é a antologia organizada por Reginaldo Pujol Filho e editada pela Não Editora que busca, através da seleção nada convencional de autores e de textos, estimular a reflexão sobre a incompatibilidade de normatizações e acordos com a literatura. Regras vão muito bem para documentos, mas a literatura vive em outro campo, paralelo ao texto convencional. Um campo onde as experimentações temáticas e formais, mais do que bem-vindas, são necessárias pra inspirar livros, escritores e leitores.
Os vinte autores que compõem o volume, com poesias, contos e textos inclassificáveis, formam um painel de possibilidades para a língua portuguesa e também de perspectivas. São escritores de cinco países, Angola, Brasil, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, que o mostram o muito que dá para se fazer com o idioma e acabam por fazer acreditar que muito mais é permitido.
E não pense que as diferenças se dão apenas através dos regionalismos típicos de cada país ou estado brasileiro representado no livro. Pelo contrário, a seleção procurou ir muito além de folclorismos e peculiaridades regionalistas. Pode-se dizer que no Desacordo ortográfico não existe o português típico de um país, região ou cidade. Mas que está lá presente o português típico das ignorãnças de Manoel de Barros, o português nativo das invenções de Luandino Vieira, o português nascido na muscialidade de Rogério Manjate, o português específico da feminilidade de Patrícia Reis ou o português originário do bom humor e da criatividade de Luis Fernando Veríssimo.
A expectativa é que os leitores surpreendam-se com a diferença – e também qualidade – a cada novo texto. Estão lá histórias e poesias para todos os gostos. Exatamente como tem sido o lançamento do Desacordo ortográfico. Antes mesmo de estar impresso, ele já acontecia (e continua acontecendo) no blogue www.desacordo-ortografico.blogspot.com. Um espaço onde é possível encontrar uma série de vídeos em que os autores da antologia lêem textos de outros autores do Desacordo. Depois disso, na sexta-feira, 13 de novembro, ocorreu o lançamento oficial em Porto Alegre. Em uma festa onde o organizador Reginaldo Pujol Filho e os autores Altair Martins, Cardoso e Ondjaki se divertiram com os leitores, além de autografar o livro. E, no sábado 21, o Desacordo já chegava a São Paulo, como parte da programação da Balada Literária. Foi a vez de Marcelino Freire e Xico se juntarem a Reginaldo Pujol Filho para fazerem muitos brindes à diferença no Bar Mercearia de São Pedro.
E o Desacordo não pára por aí. Porque ele não se resume ao livro. Já acontecia antes dele na obra desses vinte autores e de tantos outros. E continuará a acontecer sempre que um autor desafiar a língua, discordar do sentido de uma palavra ou tentar inventar outros jeitos de dizer e contar uma história.
O livro pode ser encontrado em diversas livrarias de todo o Brasil, como Cultura, Livraria da Vila, Saraiva, entre outras.
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